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Sociolinguística e Mobilidade

Abstract

Dentro do arcabouço da Teoria da Variação e da Mudança (Weinreich et al., 2006 [1968]), um dos construtos centrais é o de mudança em tempo aparente (Labov, 2006 [1966], 2001b), que se baseia na hipótese de Lenneberg (1967) sobre o período crítico de aquisição da linguagem, a partir da qual se supõe que os padrões de fala de um indivíduo se estabilizam por volta dos primeiros anos da puberdade. Nesse sentido, o estudo da fala de migrantes é, em geral, ignorado em favor da análise da fala de membros mais “prototípicos” de suas respectivas comunidades – os nativos, preferencialmente filhos ou netos de membros da mesma comunidade –, uma vez que se pressupõe tacitamente que o migrante adulto mantém os padrões sociolinguísticos adquiridos em sua região de origem. Ao mesmo tempo, a mobilidade cotidiana e rotineira é tida como certa e seus efeitos são geralmente preteridos na análise das comunidades de fala. Entretanto, é bastante provável que tais tipos de mobilidade estejam na base da difusão da mudança linguística e de processos como nivelamento, focalização e realocação de traços linguísticos (Britain, 2013; Kerswill, 2013). Este minicurso tem o objetivo de introduzir os participantes ao estudo do contato dialetal, decorrente seja de migrações a longo prazo, seja da mobilidade cotidiana, apresentando as principais questões que envolvem o tópico e alguns dos métodos que podem ser empregados na análise sistemática do contato linguístico. Serão discutidas as problemáticas que surgem da incorporação de membros não prototípicos às amostras de fala (como os traços linguísticos mais propensos à aquisição dialetal e o controle de variáveis sociais), o tratamento da mobilidade de curto e de longo prazo, bem como os modos de acessar a mobilidade e seus efeitos sobre a variação linguística.

Date
Location
UFES, Vitória-ES, Brasil